
Iniciativa criada no Rio de Janeiro chegou a Belo Horizonte, Bahia, Pernambuco, Vitória e São Paulo neste Carnaval. Distribuindo tatuagens adesivas para as mulheres, a ideia é fazer uma rede de apoio durante a folia. O assédio acontece quando há insistência, incômodo, perseguição, sugestão ou pretensão constantes em relação a alguém.

“Foi preciso escrever para as pessoas entenderem que não é não”, disse Luiza Alana, integrante de um coletivo de mulheres que usa a informação, o empoderamento e tatuagens temporárias como instrumentos contra o assédio. A ideia começou no Rio de Janeiro durante o carnaval do ano passado. A distribuição gratuita das tatuagens com os dizeres “Não É Não!” deu tão certo que neste ano se espalhou não só no Rio, mas também em Belo Horizonte, Bahia, Pernambuco, Vitória e São Paulo.
As cartelas são destinadas apenas às mulheres. Infelizmente alguns muitos homens ainda levam a campanha de empoderamento feminino na brincadeira. “Eu tive que explicar que o corpo que ainda precisa dizer ‘não’ é o da mulher. É o meu [corpo]. Mas, nós queremos que os homens também entrem na luta contra o assédio se conscientizando, ‘puxando a orelha’ daquele amigo mais folgado, denunciando e nos ajudando quando presenciarem alguma situação assim”, explicou Luiza Alana.
Não é Não!

Em Belo Horizonte, os blocos Alô Abacaxi, Garotas Solteiras, Bruta Flor, Acorda Amor e É o Amô são parceiros do projeto. Luiza, que toca em pelo menos quatro deles, além do Então, Brilha!, Us Beethoven e Roda de Timbau, disse que a proposta é disseminar as tatuagens por todo o carnaval.
Em Pernambuco, a revolta e o descontentamento com as experiências de assédio no carnaval motivaram três organizações da sociedade civil a criar uma ferramenta independente para ouvir e acolher vítimas desse tipo de crime no Recife e em Olinda. A iniciativa #AconteceuNoCarnaval existe desde 2017, mas, em 2018, a ferramenta ganhou um WhatsApp para receber relatos de foliões que presenciaram ou sentiram na pele a violência de gênero.
No Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) vai lançar a campanha “Carnaval é curtição, respeita o meu não”, contra o assédio sexual durante o carnaval. O material está sendo veiculado no BRT, MetrôRio, SuperVia e nas redes sociais. Equipes do Disque-Denúncia também estarão de prontidão durante os dias de carnaval na cidade no telefone 2253-1177 e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ para casos de ações criminosas durante as festas.

Em Vitória (ES), não será tolerado qualquer tipo de assédio contra mulheres. Inclusive, elas agora contam com número para denunciar durante a folia: o 156. Assédio não é brincadeira, uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular revelou que quase metade dos homens entrevistados disse que a folia não é lugar para “mulher direita”.
“A gente vinha pensando em fazer algo para conscientizar os homens. Quando a pesquisa saiu, percebemos como era muito urgente tratar do tema. Decidimos então fazer a campanha”, explicou a secretária de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Nara Borgo em entrevista ao jornal local A Tribuna.
Ao ligar para o 156, a mulher receberá orientações. Se tiver com lesão, por exemplo, será encaminhada à polícia e ao Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de Violência. As informações ainda poderão ajudar a compor dados e as próximas ações para coibir este tipo de violência.